
Por suas palavras, seu gestual, suas vestimentas e por todo o mal transpirável e indissociável, Malévola se mantém, mesmo após 55 anos desde a sua primeira aparição nas telas animadas do estúdio Disney, como a maior e insuperável vilã de todos os tempos.

Recontar histórias sob outros pontos de vista não é novidade. Nem é novidade adaptar desenhos animados consagrados para versões cinematográficas humanizadas e modernizadas em abordagens temáticas e recursos. Exemplos mais recentes comprovam a boa receptividade às releituras propostas. Wicked, sucesso na Broadway, conta a história de Elphaba e Glinda, as duas bruxas amigas de Oz e como uma delas voltou-se para o mal antes da chegada de Dorothy. Glenn Close trouxe uma Cruela (101 Dálmatas) irretocável para as telas. Julia Roberts também surpreendeu ao encarnar a malvada madrasta de Branca de Neve, numa leitura cínica e ácida.
O que difere, basicamente, os exemplos acima de Malévola é a fidelidade ao conto original. Ou, melhor dizendo, a. preservação dos elementos básicos e essenciais que imortalizaram esses contos. Interferir e alterar os fatos perpetuados na tradição oral e escrita causam estranheza e incomodam pelo desequilíbrio que provocam.

Tanto isso é verdade, que não há criança que não peça para ouvir a sua história – ou histórias – preferidas vezes sem conta, e sempre atentas à menor mudança. Nenhuma vírgula ou palavra trocada passam desapercebidas e sem protesto. A repetição garante a segurança da continuidade e de valores estáticos e é essencial para o desenvolvimento e amadurecimento infantil. É pela repetição que os conflitos e dúvidas se resolvem no imaginário. Até que seja torcer pela vitória do mal !

Pontuação : ♥ ♥ ♥ ♥ ♥